PL 1904/24 e a Mudez das Marcas

O Meio & Mensagem publicou na última sexta-feira (14/6) um artigo sobre as empresas se posicionarem a respeito do PL 1904/24. O post discorre sobre o Projeto e traz o posicionamento da Think Eva e a sua cobrança para que as marcas se posicionem contra esta sandice, que nada tem de loucura, como apontado pela consultoria.

Empresas, per se, NÃO precisam se posicionar. Socialmente, seria o correto em pautas desta natureza, uma vez que estas instituições não flutuam no éther. Fazem parte e possuem um papel importante na sociedade, e, devido ao seu poderio e interesses econômicos e de comunicação, muitas vezes acabam por influenciar ou impactar o próprio tecido social. Mas, hoje em dia e aqui no Brasil, as empresas ainda podem se dar ao luxo comercial de fazê-lo, ou não, como escolha estratégica do do negócio.

Posicionar-se, ou não, possui seus próprios custos e benefícios, então, que cada gestor calcule e arque com as consequências em agir ou não, pois cada um sabe bem aonde o seu calo aperta, sua perna alcança e os salário que vevem pagar no fim do mês.

Massssss, abiguinho, se você diz que a sua empresa é uma apoiadora, uma defensora, que está do lado
das mulheres para o que der e vier, aíiii a parada muda de figura. Se a sua empresa tá sempre papagaiando uns palavriadu bunito, emocionais e de caráter mobilizador em prol das causas femininas nos momentos que lhe favorecem lhe favorecem se atrelar a isto, então, é hora de você bancar o que você diz ser.

SIM, você tem que se comprometer, meu parceiro. Se posicionar. Logo você, tão entusiata daquele papo modernex de conversas genuínas com sua audiência? Ou a falação é só quando o DiCaprio concorre ao Oscar?

Este PL é puro suco de chorume obscurantista de interesses políticos de um projeto de poder teocrático que teve parte de sua fase embrionária ali no Meier e na Abolição, bairros do subúrbio do Rio de Janeiro. Sim, Gandalf, isso foi há 3000 anos atrás e eu, um jovem garoto juvenil, cheguei, inclusive a ver a reforma e a obra do local em minhas perambulices pela região. Tal plano, assim como outras ervas daninhas,
encontrou terreno fértil por aqui e cresceu vistoso, e este briefing que dá o tom dos números envolvidos nesta matemática financeira:

as empresas não querem arriscar perder dinheiro de consumidor “conservador” ao serem taxadas “daquela empresa que apoia aborto.” Toda essa tchurminha não é muito dada a nuances e faz muito barulho (e é ouvida) de forma engendrada e sistemática aos seus propósitos e realidade.

…ou a falta dela.

E até a empresa explicar que berimbau não é gaita depois que aquela versão “simplista” do assunto, posicionamento ou recorte viralizou… já foi! Perdeu, Playsson!

“Ok, time, vamos ficar quietinhos na nossa. É menos arriscado do que falar qualquer coisa que peque mal mais lá na frente. Depois esse pessoal pode ficar puto e começar a falar da gente, encheção de boicote. Pô, a gente nem tem obrigação de falar nada, né não? Isso é vespeiro, rapá! Meter a mão aí nada! Vamo ficar aqui na nossa, na moita, dia 8 de março tá logo aí, a gente faz mais um comercial com musiquinha tocante, dá rosa pras meninas do escritório e tá tudo certo, pessoal vai nem lembrar disso. Vamo timeeeeee!!”

Timeeeeeee!

A mesmíssima comoção aconteceu no ano passado quando do debate a respeito do casamento homoafetivo em que também se cobrou um posicionamento das empresas e marcas
cujos olhinhos brilham com o cintilar do pink money e que até mudam as cores das suas redes sociais em cinquenta tons de arco-íris para mostrar o quanto apoiam a causa LGBT quando chegamos a junho.
O som do silêncio das empresas também foi ensurdecedor em relação ao tema. Pelo mesmo motivo. Isto não quer dizer que não apoiem a causa, pois muitas até “possuem funcionários lgbts”.

Então, apesar da mobilização social e das conclamações profissionais, não acredito que o quadro vá se modificar, ao menos agora, não vejo o cenário favorável a um posicionamento generalizado das marcas contra esta PL. A conta simplesmente não fecha. O risco financeiro e imagético da omissão é menor, e a rapidez de futuras novas indignações nacionais e nossa memória de Dolly ajudarão a diluir o impacto deste silêncio com o tempo. Mulheres, estamos do seu lado, desde que não impacte o caixa.

Por fim, não é nada pessoal pequena criança abusada, Apenas negócios.

Only business.

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