CASAMENTO HOMOAFETIVO: A MUDEZ DAS MARCAS

Como cantamos pro Seu Zé Pelintra: “Agora que eu quero ver, quem é malandro não pode correr!”

Uma das pessoas que estou sempre acompanhando é o querido Galileu Nogueira. Adoro o seu Podcast Branding em Tudo e vivo aprendendo com suas falas rápidas e certeiras. No mês passado, no Linkedin, Galileu, fez uma indagação sobre o posicionamento das marcas em relação a votação na Cãmara dos Deputados sobre o direito ao casamento homoafetivo, prerrogativa já consagrada por decisão unânime do Supremo Tribunal Federal em 2011, que periga ser revogado por, principalmente, forças religiosas fundamentalistas. Lúcido, Galileu discorreu seus argumentos e convidou as tais marcas a refletirem sobre o uso da a sua força de comunicação em prol de mudanças reais na sociedade e apoio aos grupos minoritários.

Situando o povo: esta rolando uma onda conservadora obscurantista em que está se tentando barrar o casamento homoafetivo no Brasil. A votação, que seria dia 27 de setembro, foi adiada, e pode ser realizada no dia 10 de outubro. Galileu pergunta aonde estão todas aquelas marcas que, em junho, comemoram o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. se travestem de arco-íris e que agora, na hora que o bicho tá pegando, não dão um mísero pio.

Contexto dado, sigamos o fio da meada.

Marcas e empresas não precisam se posicionar. Se posicionar é uma escolha, uma estratégia de marketing e branding as quais os gestores que devem avaliar se vale a pena entrarem ou não. Conheço alguns donos de empresas que estão aí, com suas marcas em crescimento, em mercados com consumidores progressistas, conservadores e até fascista, mas que optaram por não se envolverem nas discussões/lados, focando seus esforços no core do negócio. Nem em seus perfis pessoais ousam tomar partido. Acompanho também dois donos de editoras, integrantes do mesmo mercado, que desde o dia 01 de funcionamento deixaram claros seus rspectivos posicionamentos políticos. Ou seja, não é uma situação sine qua non para o sucesso ou sustentabilidade de um negócio/marca, o mercado tá cheio de exemplos aí.

Mas, se teu negócio brinca de “que dia do calendário é hoje pra postar” em datas afirmativas ou em ocasiões importantes aos respectivos grupos que estão batalhando sério nestas lutas, se você se diz um apoiador, troca corzinha de logo, cria fanfic, faz textinho genérico pra não passar em branco ou surfa nos hypes de ocasião, então, abiguinho e abiguinha, o buraco é mais em baixo. A brincadeira é a vera e se desceu pro play é pra jogar. MESMO. E aí que vemos que o engajamento corporativo nestas questões, em geral, vai até o risco de perderem lucratividade ou clientes.

Tá errado? Sim. Se você se autodenomina um apoiador de causas e quando estes grupos precisam de você, de verdade, e sua marca some na penumbra do oportunismo, claro que está! Conheço um gestor que cuida das redes sociais de uma instituição cuja maioria dos clientes são pessoas retrógadas. Ele se limita a fazer o básico e tem muito cuidado com o que publica para que sua comunicação e trabalho não gerem algum tipo de conflito (e perdas) junto aos clientes da empresa. Cada um sabe aonde o calo aperta, da sua realidade, necessidades profissionais e pessoais. Mas, se diferente dese gestor, que fica ali no cercadinho dele, sua empresa se declara uma defensora de determinada parcela da população, então mostre com ações claras e concretas de apoio, e as mantenha, quando estas forem necessárias.

Um exemplo emblemático desta situação foi daquele banco gigantesco que contratou influencers. As profissionais sugeriram em seus conteúdos criados, o não consumo de carne em apenas, APENAS, um dia da semana como uma forma de reduzir as emissões de carbono. Os pecuaristas ficaram possessos e ameaçaram tirar o faz me rir investido no banco. Pronto, foi mais do que o suficiente para o pula pula nas tamancas e a divulgação de uma carta de arrego aberta ao agro, taxando de “posição manifestada descabida dos influenciadores digitais” em relação ao consumo de carne bovina.

Sinistro, né non? Não devia passar um fio naquele comitê de crise…

Conforme o postulado do Manifesto Monkey S/A: Imagem é a realidade. Ficar bonito na foto é ser bonito. Quantas empresas não celebram o “verde” a “necessidade da sustentabilidade” mas sequer fazem o básico como o recolhimento seletivo de lixo no escritório, separar lata de alumínio de resto de comida, jogando tudo na mesma lixeira. Isso pra ficar num único exemplo básico do abismo entre prática e discurso.

O professor Galileu termina conclamando o povo das marcas a uma reflexão sobre o tema. Bem, a situação já tá mais que ponderada, elucubrada,contemplada. Esta balizada em dados, números e cagaço. Segundo pesquisa do PoderData, 46% dos brasileiros são contra o casamento homoafetivo no país. pesquisa do Instituto Ipsos revela que 14% são contra qualquer tipo, qualquer forma de legalização deste tipo de união. São 93 milhões de pessoas de tudo quanto é classe social e poder aquisitivo num só coração pra frente Brasil paquerando tochas e garfos de feno. É gente pra dedéu.

Logo, a melhor estratégia é “fica na sua aí, filhinho, quietinho” do que apoiar abertamente. O possível impacto financeiro ou negativo na marca, neste caso de generalizada atenção e comoção, é teoricamente menor. Tudo tá corrido, já já (literalmente) vem outro hype, outra notícia da vez, trending topic e o povo esquece esse papinho de omissão.

Pretos, gays, vegetarianos, macumbeiros, ambientalistas e toda essa tchurminha sapeca: não é nada pessoal, meus queridos.

Only business.

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