Um amigo e minha referência em questões de gestão de pessoas e processos, esteve no ultimo Conarh, em julho deste ano.
Todo ano ele vai ao evento com certas estratégias e objetivos específicos. Um deles é o de extrair dados e informações in loco para confeccção de um relatório (produto) baseado na visita e conversa com todos os expositores presentes. TODOS. As informações deste levantamento são agrupadas de forma a criar um raio-x real, a partir dos fornecedores e prestadores de serviços em gestão de pessoas, e assim descobrir tendências na área e possíveis caminhos que o erreagá no país pode estar tomando.
E duas categorias de serviços/produtos tiveram destaque na catalogação do meu mentor entre os expositores: benefícios e bem-estar. Vários tipos de serviços e plataformas de vantagens, mimos e experiencias para os funcionários e, no caso dos estandes voltados a qualidade de vida, uma boa ênfase dada a saúde mental do colaborador.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador, o mercado de benefícios corporativos está crescendo e abrindo oportunidade para novas empresas investirem no setor. Estudos mostram que este setor deve crescer no Brasil 9% ao ano até 2026. Neste período, deverão ser movimentados o equivalente a 5 bilhões e meio de dólares. Grana pra chuchu.
E o interesse em relação a saúde mental do colaborador também nunca estiveram tanto em voga nesta indústria vital:
Ambos batem certinho com o relatório do meu amigo e escrevo agora o que disse a ele em nosso bate-papo sobre o tema:
Cenoura na ponta da linha pra gerar estímulo e maior produtividade.
Cuidados piscológicos para analgesia e para que o/a camarada segure o tranco o quanto der para evitar o burnoutinho.
Duas observações importantes aqui.
Sim, o jogo é esse. É assim (infelizmente) pra quase todo mundo que deseja brincar de empresinha. O sistema é duro, muitas vezes cruel e sempre indiferente, nao a toa recebeu sua alcunha de “moedor de gente”.
E as empresas, dentro deste contexto de competitividade até com a mãe, nao estão erradas em buscar, se adapta, gastar tubos de dinheiro com subterfúgios, recursos e brinquedinhos que possam ampliar a permanência dos seus talentos e prolongar suas respectivas capacidades de suportarem o rolo compressor diário. É justo e racional. Vou investir X nisso para um retorno Y na produtividade do meu funcionário, que acabará me gerando algum tipo de ROI.
Porém, não dá também para achar que um discurso floreado em relação a isto, cheio dos corporativês de brochura, significa a realidade. Sim, meu caro, minha cara, a analogia da cenoura e do anestésico estão corretas.
Não tem romantismo. A parada é esta mesmo e a tendência do cenário é piorar. As empresas cada vez mais enxugam seus quadros e precisam fazer mais por menos, pressionadas pela “necessidade” de ganhos cada vez maiores. Isto significa que vão extrair o máximo de resultados de cada funcionário e precisarão calibrar muito bem a oferta de incentivos para ação e amortecedores de cobranças a fim de que tal objetivo seja obtido e mantido a longo prazo.
E se a coisa não tem jeito mesmo e a pressão abarca todo mundo, as pessoas irão preferir ficar nas empresas que ofertam estes tipos de produtos/serviços compensatórios do que nas que não oferecem. Tornando-as, assim, recursos de retenção, atração e diferenciação competitiva na guerra pelos melhores talentos no mercado.
Ou seja, estes são dois segmentos que continuarão em franca expansão nos próximos anos, até porque, como todo negócio que começa ofertado a grandes empresas, logo, seja via plataformas web, portifólio de recursos menores ou através de valores mais comedidos, a oferta de tais serviços serão escalados para as médias, pequenas e microempresas, como já ocorre com os planos de saúde.
Enfim, como o Coelho Branco de Alice no País das Maravilhas, caberá ao funcionário seguir na sua sina de nervosismo e correria, frustrado em sua luta contra o tempo. Só que com direito a 1h de terapia na semana e máquina de sorvete no corredor.