O riso nas empresas

“O riso sacode o corpo, deforma as linhas do rosto, torna o homem semelhante ao macaco.”

A frase acima é do personagem Jorge de Burgos, o monge cego de O Nome da Rosa, de Umberto Eco. Se você não leu ou não conhece, larga essa última moda corporativa da vez e vá ler essa obra prima da literatura para aprender bem mais sobre a natureza humana.

Não sei se é uma culpa católica (possivelmente) e qual questão psicológica/sociológica em exato poderia explicar, mas o fato é que existe, sem entrar em aprofundamentos sobre poder, repressão e liberdade,  um certo apontamento de dedos julgadores e olhares atravessados para os que riem.

E o meio corporativo pega essa rebarba. Lembro-me do Alex Escobar comentando isso, sobre o estigma do bom humor no aspecto profissional, com o Fábio Porchat, no programa deste último.

Aqueles que mostram muito as canjicas são muitas vezes rotulados de não sérios, infantilizados,  não tão responsáveis, imaturos, infantis, o bobo da corte, não estão prontos, não passam segurança… Ok, os brincalhões já entenderam. 

O homem de sucesso não ri, faz pose de braços cruzados com direito a cara carrancuda tipo Peaky Blinders. Às vezes até com boina. No imaginário popular, a imagem de “vencedor” está atrelada à rigidez cadavérica da musculatura facial e não do riso frouxo.

Nunca fiz parte do time dos bem humorados, não por ser antagônico, mas sim, pela timidez. Sempre fui mais introvertido. Mas sempre fã daqueles que conseguem deixar o ambiente mais leve e descontraído somente com a sua presença e interação naturalmente positiva, o que difere muito do  riso de desespero, inapropriado ou da euforia descabida.

Porém, empresas são um espaço social, e, como tal, repleto de seres humanos. Que, por sua vez, são um balaio de gatos de emoções num constante carrossel de segurança duvidosa em cidade pequena. Imagine isso nas empresas, com o cenário caótico e incerto rondando a tudo e todos. Compreensível as praguejadas de canto de boca:

Afinal, do que tanto este idiota ri? Não viu como tá a economia mundial? A crise ambiental com a temperatura friando todo mundo, a ascensão do nazifascimo na américa Latina? O preço da areia do gato? Ou do lead?”

É verdade. Só que, estes problemas coletivos, além dos nossos pessoais, não deixarão de existir ou nos acordar as três da manhã só devido ao nosso bom humor ou cara amarrada. Eles tão pouco ligando se você é flor do campo ou tiririca do brejo. O que importa são as ações que tomamos em relações a eles.

E atitudes envoltas de bom humor podem fazer toda a diferença nestes mares revoltos da vida moderna, nem que seja como a última tábua de salvação.

EM UM MUNDO CORPORATIVO TÃO, TÃO, DISTANTE…

O Monkey S/A é um livro de realismo fantástico corporativo que introduz, ao longo de suas nove histórias, alguns dos cenários e personagens do Monkeyverso em situações tão surreais quanto qualquer dia na sua empresa. O livro será lançado em Dez/23 e caso queira receber informações sobre sua futura disponibilidade, cadastre-se abaixo. Muito obrigado por leitura 

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