Carlos Maneva, 58, o Maneco, como prefere ser chamado, é o vice-presidente da Z-Group, uma empresa global que atua em várias áreas do entretenimento e que teve como ponto de partida uma atração circense interiorana e muito conhecida por aqui: Zora, a Mulher Gorila.
Carlos foi o responsável direto por essa verdadeira epopeia de transformar seu encanto, ou terror, juvenil nesse negócio que cresce a passos largos. Não bastasse esse feito hercúleo e todo seu conhecimento sobre atrações e parques modernos, nosso entrevistado também geriu a criação e o desenvolvimento de toda a moderna ramificação da empresa para a nova economia. Sob sua gestão a empresa cresceu impressionantes 60% no último ano de forma estruturada, e a ascensão parece conti- nuar com os resultados do seu primeiro trimestre.
Simpático e de fala solta, o vice-presidente, de jeito bonachão, nos contou, entre uma coçada em seus cabelos e barba grisalhos, todo esse processo de forma apaixonada. Leia a seguir um trecho do que foi o papo de Maneco com a Burles.Co Magazine.
“Carlos Maneva: Eu relançaria Zora, a Mulher Gorila. Não seria fácil, mas já tinha decidido.
Tinha dois desafios pela frente: o primeiro era que eu precisava de um sócio. Ainda trabalhava na fábrica e não poderia largar meu emprego por um sonho. Por sorte, ou azar, a oficina de Luca há muito não vinha bem das pernas e meu amigo precisava de outras fontes de renda para se manter. Convencê-lo a se juntar a mim nessa maluquice não foi tão difícil.
O segundo era o público. Aí o trabalho ia ser bem mais complicado. Estávamos cravados no meio de uma série de cidades das quais uma tradicional feira itinerante fazia o circuito entre elas com diversos expositores gerando atratividade para a população e rentabilidade para os comerciantes. Negociei com a administração da feira, inserimos Zora na programação quando em nossa cidade. Algumas semanas depois, com boa parte do dinheiro investido na reforma dos equipamentos, o mecanismo da transformação entendido e a namorada de Luca, Suzane, convencida a se tornar a Mulher-Gorila, estávamos prontos para o primeiro fim de semana de apresentação.
Burles.Co Magazine: E como foi?
Carlos Maneva: Foi ÉPICO! Luca no maquinário, eu no operacional e também como dublê e Suzane na transformação. O áudio iniciava falando sobre a origem de Zora, vinda dos confins da Amazônia aonde convivia com os Gorilas da região. Suzane, presa, encenava seu papel de forma lânguida, sob atenção de todos ali. De repente algo parecia dar errado. A bela moça, como se acometida por algum tipo de convulsão, se debatia dentro da jaula. O som aumentava até o momento crítico:
Zora, acalme-se, acalme-se Zora! Não, Zora!
A moça então começava a se transformar em uma gigantesca gorila que atacava com som e fúria, arrebentando as grades da jaula e partindo pra cima do público: “Não faça isso, Zora! Eles são seus ami- gos, Não, Zoraaaa, não, Zoooraaaa!!!” narrava a gravação.
Mas era tarde, o ataque estava lançado e os espectadores corriam em fuga pela rampa de saída, caindo uns por cima dos outros ao som de muitas gargalhadas após os minutos de terror daquela grande brincadeira. Sucesso absoluto que se repetiu, posteriormente, pelas cidades por onde passamos acompanhando a feira itinerante. Definitivamente, o show estava de volta.”
ZORA COMPANY é o segundo capítulo do meu livro de humor e ficção corporativa Monkey S/A: Num Mundo Corproativo Tão tão Distante. No referido capítulo conto a história de como uma atração mambembe de parques de diversões dos subúrbios e de cidades interioranas, Zora, a Mulher-Gorila, se torna uma gigante do mercado de entretenimento mundial.