“Filho, você cancelou a Netflix? É que parou, tava aparecendo uma mensagem aqui que eu tinha que fazer uma assinatura. Já fiz, seu pai tava assistindo uma série de robõ, ficou nervoso, fliguei pra lá e fiz logo, já resolvi e botei no meu nome”
Pois é, agora minha mãe tem a sua própria assinatura, eu a minha e meu irmão a dele, e assim será até o fim dos tempos, pelo que parece.
No início do ano teve um comichão no mercado de mídia/streaming/conteúdo quando a Netflix informou de que o compartilhamento do serviço passaria a ser pago aqui no Brasil, que haveria uma taxa para o que, até então, era gratuito.
Obviamente isso deixou 99,9999999% da massa streameira muito da put… digo, fula. Na boa, a condição financeira da população tá complicada, temos violência em tudo que é lugar e os preços muitas vezes salgados da pista, acabam por inibir o lazer externo, tornando-se o stream, no caso a Netflix, um meio de entretenimento acessível em custo e praticidade.
Aí vem essa novidade. Ora, junte a profusão de serviços de streaming que tempos disponíveis hoje em dia, tem pra tudo que é gosto, mais a ira que as pessoas nutriram com todas as suas forças ao ter que encerrar o compartilhamento com seus chegados, entes queridos e até cunhados, e já dá pra imaginar qual foi o brado retumbante bradado em uníssono pelo povo pistola:
“Vou cancelar esta me$%a!!!”
E foram muitas as pessoas que se manifestaram neste sentido. Não apenas os populares, mas os especialistas do mercado também, aqui e lá fora, sentenciando tal movimento da empresa como um erro, um descalabro, uma decisão estúpida, principalmente frente a montanha de reclamações e avisos indignados da massa que mandaria o serviço pras cucuias.
Aí que chegamos ao ponto nevrálgico deste texto. Decisões. Não faço juízo aqui da Netflix, apesar dela estar sendo bem sacaninha no que se refere a greve de atores e roteiristas. O mote aqui é a complexidade de uma decisão deste calibre. mesmo com dados e informações que pudessem dar certa guarita aos decisores, é algo surreal ir na direção contrária do que todo o cenário indica e do que aquilo de que todos, clientes, especialistas e profissionais do mercado, avisaram.
Aí os candangos dão a cara a tapa e pagam pra ver se vai ser tudo isso mesmo que tão falando, e, pimba:
Veja você como é a natureza. Este é daqueles resultados em que a gente fica meio incrédulo. Daqueles que, se desse errado, nós veríamos um monte de “eu avisei” pupulando em tudo que é canto. Mas, como aparentemente deu certo, apenas o silêncio seguido daquele pensamento íntimo nada edificante: “mas que filhos da p… não é que eles conseguiram? Cacete…“
2022 não foi um ano “tão promissor” para a plataforma. Logo, se você não tentar ações diferentes não vai sair da poça em que está patinando. Compreensível terem bancado a situação, afinal, não tinham lá muitas escolhas a não ser arriscar um mergulho entre os recifes como o que foi dado nesta decisão.
Mais curioso é o crescimento da base de assinantes, quando todas as teorias e bravatas diziam exatamente ao contrário. O fato é que, assim como meu pai, na hora H, parece que ninguém quis largar o osso da sua respectiva e pessoal versão da “série obscura de robôs” que está disponível no extenso catálogo da plataforma, repletos de títulos nessa pegada de qualidade discutível, mantendo assim, a fidelidade ao serviço como se gravitassem sob a força da marca, que responde por cerca de 30% do mercado em terras tupiniquins.
Continuemos acompanhando as próximas temporadas dessa história.
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