Onde os velhos não têm vez…

Tenho certeza que você completou a frase mentalmente.

Nas empresas. Isso mesmo, estrelinha dourada pra você.

Em três anos eu entro para o seleto grupo dos cinquentões. And i feel fine, como diria o R.E.M. Fisicamente, pratico jiu-jitsu, com e sem pano, ando de Skate Longboard, faço caminhada e musculação. Mentalmente, sempre estou sempre buscando me manter ativo intelectualmente via aprendizados e descobertas.

E, numa dessas leituras, me deparei com um material do site Projeto Draft sobre o mercado de trabalho para os 50+. Era um vídeo da EY em que constava a informação de que 42% das empresas contrataram menos de 10% de pessoas 50+ nos últimos 5 anos. Continuei pesquisando o assunto. Não era de todo ignorante sobre o tema, mas resolvi dar uma aprofundada. Ouvi podcasts, li matérias, comentários e estudos sobre o tema e, pelo que entendi, me parece que esta batata vai continuar assando em fogo brando por muito tempo ainda.

Estamos vivendo mais, experiência é algo sempre apreciado e desejado, profissionais maduros tendem a ser focados… tá, tá ,tá, todo aquele discurso corporate good vibes , mas o fato é que o preconceito em relação aos recursos old school ta aí, firme e forte. O chamado etarismo.

A diretora de recursos humanos, Luciane Soares, em artigo publicado no Linkedin, dá a seguinte explicação sobre o termo:

Etarismo, como sabemos, é a discriminação baseada na idade, motivada por vieses conscientes ou inconscientes, preconceitos e estereótipos equivocados e negativos associados à idade. É o uso de conceitos “fisiologistas” ultrapassados de que a partir dos 50 anos (se não antes) as pessoas são menos adaptáveis, produzem menos, não são capazes de aprender, de mudar e provocar mudanças, e outros rótulos que trazem consequências devastadoras para as vidas e carreiras desta população.

Conforme descrito no Relatório Mundial sobre Idadismo, da Organização Mundial da Saúde (OMS), o etarismo se refere a “estereótipos (como pensamos), preconceitos (como nos sentimos) e discriminação (como agimos) direcionadas às pessoas com base na idade que têm”.

E realmente o bicho pega no mercado de trabalho quando o assunto é este.

Sinceramente, eu nunca tinha me incluído como parte da equação. Da sobra, por sinal. Talvez por me achar ainda um jovem passando por cima de tudo (referência musical 50+), não tenha me dado conta que posso estar futuramente ali nos parcos 10% contratados.

Uma pesquisa do Infojobs traz mais alguns dados surpreendentes para zero pessoas sobre a empregabilidade do 40+:

70,4% dos profissionais com mais de 40 anos entrevistados já sofreram preconceito;

78,5% dos entrevistados, o mercado não dá as mesmas chances para profissionais com mais de 40 anos, quando comparado aos mais jovens;

15,2% das empresas têm menos de 5% de empregados com mais de 40 anos.

Sinistro. E o mais bizarro que na mesma pesquisa você encontra a seguinte sentença:

99,2% dos perfis de liderança entrevistados acreditam que profissionais com mais de 40 anos agregam no ambiente de trabalho.

Modafoca! Se quase 100% da liderança acha importante, então cadê as oportunidades para os 40+ nas empresas? Imagine pros 50+, nem de pesquisa deve precisar pela obviedade.

Pesado, mas nada que fuja do postulado I do Manifesto Monkey S/A: O meio corporativo é um recorte do mundo externo. E sabemos muito bem como as pessoas que estão envelhecendo são tratadas, né non?

Então, se você não é o Harrison Ford ou o Tom Cruise, a conclusão é:

bote sua barba branca de molho desde já!

Dentro do possível, diversifique suas habilidades, opções e meios de renda, além de trabalhar o seu network. Apesar de algumas movimentações positivas de profissionais e empresas para mudar esta situação e do próprio mercado ainda estar se adaptando a nova realidade da faixa etária do trabalhador brasileiro, o cenário não é dos amistosos e teremos que navegar por ele mesmo com dores nos joelhos e nas costas.

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